quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Em Cima do Muro

Não escolho minhas amizades com base em qualquer tipo de pré-conceito: político, raça, crença religiosa. Seja lá qual for.

Claro que é uma tendência natural que tenhamos ao nosso redor pessoas com afinidades e idéias parecidas. Mas isso é uma seleção natural, e quando deixa de ser para ser imposta; vai de encontro ao princípio da liberdade individual.

Meu amigo Gabriel Ribeiro é uma excelente pessoa. Pastor titular de igreja evangélica.
Certa vez, eu passava em frente a sua sede; quando o avistei, e parei para cumprimentá-lo.

Trocamos algumas idéias, e em seguida ele me questionou o porque de eu não participar da sua igreja.

Eu estava com um livro nas mãos e disse-lhe o seguinte:

- Imagine que eu colocasse este livro do outro lado da rua. Talvez pudesse ler o título, mas jamais poderia ler e entender o seu conteúdo. Contudo, eu poderia observar tudo que agora está acontecendo a minha volta.

Imagine agora que eu faça justamente o oposto: que coloque o livro colado aos meus olhos. Talvez não lesse sequer o titulo pela proximidade. Muito menos veria os acontecimentos ao meu redor. A minha visão estaria completamente obstruída.

Imagine ainda que eu decidisse por uma terceira opção: que colocasse o livro a distância do comprimento do meu braço. Conseguiria ler o titulo, entender seu conteúdo, e perceber tudo que acontecesse nesse momento.

Concluí: Acredito que esta deve ser a posição correta em tudo na vida. A medida certa; o equilíbrio.

Assim, faz melhor quem coloca o livro a distância dos seus braços, ou mesmo do outro lado da rua, do que aquele, que com ele, ou por causa dele; nada mais é capaz de enxergar.


Gabriel deu um sorriso discreto, fez uma pausa, me olhou e disse:

"- Eu acho que você ta é em cima do muro!"

Retribuí com o mesmo sorriso e respondi:

- Talvez, mas daqui do muro, de onde você diz que estou posso ver todos os lados, enquanto você, em um deles; só consegue ver o seu...

Passados dez anos; Gabriel continua Pastor, e eu no "muro", onde ele me colocou...

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Carlinhos!
Acho sensacionais estas reflexões,porém o grande desafio é você conseguir administrar no dia-a-dia.Muitas vêzes somos pegos de surpresa,isto não quer dizer do valor.Acredito que o primeiro passo seja este mesmo tentar tornar um hábito,aí sim! a resposta poderá ser automática dando-se o equilibrio necessário no momento de darmos o salto evolutivo.
Um abraço
Clovis