sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Olimpíada da Vida

No mundo Capitalista em que vivemos, a sociedade se depara com o que podemos considerar “Capitalismo Selvagem”, onde o que predomina é o incentivo à competição na busca de resultados. A valorização do “Ter” em detrimento do “Ser”, e onde o valor do ser humano é medido pelas riquezas que acumula.

Nesta luta pelo “Ter”, quase tudo é permitido. Os fins justificam os meios, e o prazer e a satisfação pessoal, são vistos como algo que podemos comprar em um balcão de loja de um Shopping Center qualquer.

Este tipo de prazer dura tão pouco quanto uma corrida dos cem metros rasos em uma olimpíada. Logo volta a insatisfação, que gera nova busca, e mais competição.
A velocidade dos avanços tecnológicos contribui, decisivamente para isso, pois o que é novo hoje, torna-se ultrapassado na semana seguinte.

Tais comportamentos se refletem em todos os seguimentos sociais: político, cultural, social, educacional, familiar e pessoal. Vale tudo para se chegar ao “podium”.

Talvez estejamos tão longe de encontrar a solução para estes problemas, quanto à distância que separa a largada e chegada de uma maratona. Todavia, só o fato de refletirmos sobre estes assuntos, abrem as portas para encontrarmos novos caminhos.

No “podium” da vida, mais importante do que a cor da medalha que se coloca sobre o peito, são as “cores” dos sentimentos que temos dentro dele!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Amor em tubo de ensaio


Algumas vezes, nos finais de semana, eu, meus amigos Ítalo, Vitor e Ivan, nos reunimos pra falar de assuntos variados.
Talvez devêssemos estar discutindo futebol, ou bebendo cerveja no bar da esquina; como todo mundo normalmente faz por ai. Mas a impressão que tenho é que somos todos "Ets". E que um dia destes, um disco voador vai voltar pra nos resgatar.

Tomara que tenha lugar pra nós quatro!

Brincadeiras à parte; todos os três são pessoas extremamente inteligentes, bem informadas, e sempre aprendemos um com o outro.

Coisa de duas semanas passadas fizemos um destes encontros, ao qual Ítalo costuma chamar de "mesa redonda" (se bem que a mesa na qual nos reunimos é quadrada...), bom, isso não vem ao caso.

Invariavelmente, descambamos para Ciências, Teologia, Filosofia, ou Teoria da Evolução (ainda continuo achando que é mais fácil falar de futebol)
Bem, como a tendência dos irmãos Vitor e Ítalo é sempre pela busca da prova científica e da lógica; coloquei o seguinte pensamento para reflexão:

- Se eu não a amasse, a detestaria.

Ítalo e Vitor não viram muita lógica na frase. Entenderam como contraditória.

Têm razão! É contraditória porque contraditório e ilógico é o Amor.
É possível que se ame alguém e se sinta repulsa pelo seu comportamento e atitudes.
O ódio parte não elimina o Todo, mas o Todo (Amor), pode desconsiderar a parte.

Chegamos mesmo a procurar o significado do vocábulo num dicionário; que o descrevia como "reação química". Descrição merecida pra quem precisa recorrer ao dicionário pra saber o que é Amor!

Podemos até reproduzir num tubo de ensaio os elementos químicos, que agem e reagem no momento de um alto estado emocional. Contudo, o resultado não vai ser o sentimento em questão como entendo. E entendo como algo além da pura matéria; num nível consciente/inconsciente. Sabemos que existe, mas não sabemos muito bem como explicar.

A reação química não é a causa. É consequência. Não gera o sentimento. Este produz a reação química porque a precede.

É bom que não se entenda o Amor como "paixonete", "ficar", "dar um rolé", "uma saidinha", ou uns beijinhos.
Isso nem arranha seu verdadeiro significado.

Só entende mesmo quem já o viveu, pois está além do que seja possível reproduzir num tubo de ensaio, ou que palavras possam expressar.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Em Cima do Muro

Não escolho minhas amizades com base em qualquer tipo de pré-conceito: político, raça, crença religiosa. Seja lá qual for.

Claro que é uma tendência natural que tenhamos ao nosso redor pessoas com afinidades e idéias parecidas. Mas isso é uma seleção natural, e quando deixa de ser para ser imposta; vai de encontro ao princípio da liberdade individual.

Meu amigo Gabriel Ribeiro é uma excelente pessoa. Pastor titular de igreja evangélica.
Certa vez, eu passava em frente a sua sede; quando o avistei, e parei para cumprimentá-lo.

Trocamos algumas idéias, e em seguida ele me questionou o porque de eu não participar da sua igreja.

Eu estava com um livro nas mãos e disse-lhe o seguinte:

- Imagine que eu colocasse este livro do outro lado da rua. Talvez pudesse ler o título, mas jamais poderia ler e entender o seu conteúdo. Contudo, eu poderia observar tudo que agora está acontecendo a minha volta.

Imagine agora que eu faça justamente o oposto: que coloque o livro colado aos meus olhos. Talvez não lesse sequer o titulo pela proximidade. Muito menos veria os acontecimentos ao meu redor. A minha visão estaria completamente obstruída.

Imagine ainda que eu decidisse por uma terceira opção: que colocasse o livro a distância do comprimento do meu braço. Conseguiria ler o titulo, entender seu conteúdo, e perceber tudo que acontecesse nesse momento.

Concluí: Acredito que esta deve ser a posição correta em tudo na vida. A medida certa; o equilíbrio.

Assim, faz melhor quem coloca o livro a distância dos seus braços, ou mesmo do outro lado da rua, do que aquele, que com ele, ou por causa dele; nada mais é capaz de enxergar.


Gabriel deu um sorriso discreto, fez uma pausa, me olhou e disse:

"- Eu acho que você ta é em cima do muro!"

Retribuí com o mesmo sorriso e respondi:

- Talvez, mas daqui do muro, de onde você diz que estou posso ver todos os lados, enquanto você, em um deles; só consegue ver o seu...

Passados dez anos; Gabriel continua Pastor, e eu no "muro", onde ele me colocou...