sábado, 29 de novembro de 2008

A Parte Pelo Todo


Recentemente, uma amiga me mostrava a sua nova casa. O curioso foi o fato de que, apesar de toda construção me parecer ser de boa qualidade, ela insistia em apontar para dois pisos, com um leve ressalto, no canto da sala.
Deu-se ao trabalho de arrastar um enorme sofá por esse único motivo.

Bastou aquele pequeno detalhe para que considerasse todo o resto da construção de má qualidade.

Este fato me fez lembrar uma figura de linguagem muito conhecida: “metomínia”; onde se toma à parte pelo todo. Ex: Comprei duzentas cabeças de gado (a cabeça se refere ao animal como um todo).

De fato, existem pessoas que são incapazes de aceitar as falhas alheias. Exigem dos outros sempre o perfeito, o irretocável; como se fosse mera obrigação. Não lhes é suficiente 99%. Basta uma simples falha para que todo o conjunto das ações perca seu valor.
São exigentes ao extremo; a ponto de perderem a capacidade de avaliar.

Este comportamento acaba sendo transferido também para as relações pessoais.
Só agradamos se “matamos um leão” todo dia. Caso contrário; já não somos os mesmos de antes. Estamos mudados, e já não satisfazemos.

Assim, estão sempre insatisfeitas e de mau humor, pois minimizam sempre os aspectos positivos e valorizam os negativos, mesmo os mais inexpressivos.

Se tivermos que ser muito exigentes, então que comecemos por exigir de nós mesmos ponderação e bom senso.

Exigentes sem limites tornam-se, necessariamente, chatos ilimitados.

sábado, 22 de novembro de 2008

Amor

A escolha do título Coisas do Coração para o meu Blog e Site não é sem razão. Será sempre minha prioridade falar sobre o maior dos sentimentos. Tão grande, que por mais que se defina, ou se escreva sobre ele; sempre haverá muito ainda por dizer...

domingo, 16 de novembro de 2008

Felicidade na Ponta dos Pés.




A felicidade é como o caminhar: Cada pé está sempre atrás do outro. E quando um dos pés consegue, mesmo que por alguns segundos, ficar lado a lado com o outro; logo descobre que aquele já está um passo a sua frente.




Nesta semana foi destaque na mídia o afastamento das gravações de um ator muito conhecido, especialmente pelo público das novelas. O fato deveu-se ao uso e dependência às drogas.

Na mesma semana, a caminho da banca de jornal, li uma dessas frases de pára-choque de caminhão, que dizia o seguinte: “se você acha que dinheiro não traz felicidade, me dê o seu e seja feliz”.

Não pude deixar de relacionar os dois fatos. Considerar a razão de alguém, que presumidamente teria tudo pra ser feliz: dinheiro, popularidade, galã de novela; tivesse chegado a tal limite. Se afastar do trabalho por não mais conseguir ter controle sobre si mesmo e da própria vida. Nada parecido como o que costumamos entender por felicidade, convenhamos.

Se dinheiro não é garantia de felicidade, muito menos a completa falta dele; qual é então a fórmula para se conseguir ser feliz? Se é que existe!

Tanto me perdi nestas divagações, que me descuidei e bati com a ponta do pé numa enorme pedra no meio do caminho. Inchou na mesma hora. A dor era tanta, que sequer lembrava mais da tal frase do pára-choque, ou das notícias da mídia.

Com muito custo e sacrifico finalmente cheguei em casa. A única coisa que passava pela minha cabeça era ter meu dedão do pé intacto, tal como antes. Naquele momento; a minha felicidade mais desejada.

Nos dias que se seguiram, não consegui fazer nada. Caminhar não podia. Dirigir, nem pensar! Ônibus? Sempre tem um mais apressado, que escolhe pisar justamente onde não se deve.

Com certeza alguém vai perguntar: - “Qual a relação do dedão com toda essa história?”

O fato é que eu jamais tinha me dado conta da importância da integridade do meu dedão do pé.
Aos poucos fui melhorando, e lembrei de uma frase de Saint-Exupéry, no seu conhecido clássico “O Pequeno Príncipe”, que dizia: “O essencial é invisível para o olho”.

Esquecemos de observar as coisas simples, que existem bem ali e não enxergamos, ou só valorizamos, quando já não estão lá, ou sob ameaça de não estar. Acabamos nos perdendo em grandes reflexões. É nosso hábito dar mais valor as coisas que não temos, e o que temos nos parece mera obrigação da criação.

Talvez, exista maior infelicidade em perder o que se tem, do que não conseguir o que se deseja.
Somos por natureza insatisfeitos. Queremos sempre ir além. E esse além, assim como a felicidade, parecem ter o mesmo tamanho do infinito. Não há chegada; só caminhos a serem percorridos.

Ninguém deve concluir com isso que dinheiro não traz felicidade, ou que dizer que traz seja uma meia verdade. Mesmo porque meia verdade não é mais que uma mentira completa. Apenas, não é garantia duradoura; nem os holofotes da fama. É curioso imaginar que uma celebridade passa boa parte da sua vida tentando ser conhecida, e quando consegue; coloca óculos escuros para não ser reconhecida. Deseja ficar anônima. Coisa que já era antes.

Pode haver felicidade nas coisas simples ao nosso redor, e ninguém precisa ganhar muito dinheiro, ou virar celebridade pra descobrir isso. Basta repensar as palavras de Saint-Exupéry; ficar atento aos detalhes. Aos visíveis, ou não.

Continuo olhando para o infinito, mas ao olhar para baixo, e ver meu dedão finalmente curado, percebo que pode haver também felicidade na ponta dos pés...

sábado, 15 de novembro de 2008

Verdade, Mentira e Sinceridade.


Sempre ouvi dizer que “quem fala a verdade não merece castigo”, e que a verdade deveria ser dita em qualquer situação.


Lembrei do meu tio Gustavo, com câncer diagnosticado como terminal. Minha tia não lhe passava esta informação, com o objetivo de lhe dar um pouco de alegria nos seus últimos dias de vida.

Será que ela agiu correto? Devemos mentir pra não ferir?
Existe diferença entre mentir e omitir? Pode haver sinceridade na mentira?

Embora pareçam relacionadas; mentir e omitir têm diferenças significativas: Mentir é distorcer os fatos; alterar deliberadamente os acontecimentos. Omitir e não relatar. (Há quem diga que omitir é a desculpa de todo mentiroso).

O fato é que nem toda verdade é construtiva, assim como nem toda sinceridade gera condições positivas. Como administrar isso? Depende do bom senso de cada um de nós.

Imagine uma mulher, que após ter cortado e pintado os cabelos, alguém lhe dissesse que ficou ridículo, em nome da sua sinceridade.

São questões polêmicas, até mesmo porque, hoje em dia, o conceito de verdade vem sempre acompanhado pelo relativismo. Ou seja, o que é verdade pra um pode não ser pra outro. É o caso das diversas doutrinas religiosas, onde cada um julga ter o monopólio da verdade.

Neste caso há a sinceridade, porque se acredita naquilo que se está proferindo; mesmo que esta verdade seja relativa para outras pessoas.

Há sim casos onde a mentira impera. Pessoas que fazem da distorção dos fatos, um hábito no seu dia a dia.
Como a justificação de uma leva a outra; cria-se um círculo vicioso, de onde não se consegue mais sair.
O autor transforma-se em personagem e refém da história que ele mesmo intentou. A ponto de não mais ditar os caminhos da trama, mas ser coadjuvante nos fatos desencadeados.

Aí, já não é mais uma questão de conceito, ou relativismo. É uma patologia, que como tal precisa receber cuidados de profissionais especializados.

Seja como for, devemos sempre agir com bom senso e equilíbrio. Saber o que, porque, para quem, e em que momento algo deva ser dito, ou não.

Não devemos também esquecer, que o silêncio é uma arma poderosa. Algumas vezes, dizemos mais quando nos calamos.

Enfim, conviver é uma arte. Saber ouvir e se comedido com as palavras, uma sabedoria. Está ao alcance de todos, e basta apenas e tão simplesmente tentar...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Resumindo a Vida



“Tempo é dinheiro”. Quem já não ouviu esta frase?
Era a época das grandes transformações, produção em série, consumismo. As pessoas jogavam beijinhos, só pra não perder seu tempo se aproximando das outras.

Tempo em que “Vivo” era “Telefônica Celular”, e “Oi”, a gente só dizia pra desconhecidos.

Antes se economizava o tempo, agora também as palavras.

Torpedos “SMS” são um sucesso! Podemos resumir tudo numa mensagem quase codificada, mesmo que o assunto seja sentimentos:

“Blz, Tdb? Bom Fds!”

E o “MSN” nem se fala. É um verdadeiro desafio aos amantes da escrita. Pra complicar, substituem palavras por ícones e bichinhos. O que requer um verdadeiro exercício da nossa imaginação.

Outro dia, numa dessas missas de sétimo dia; ouvi, de uma senhora, o seguinte comentário:

_ “Foi um bom pai, marido e cumpridor dos seus deveres”.

Eis ai a vida resumida! E sem nenhuma criatividade, pois já ouvi a mesma frase centenas de vezes.

Todos temos a nossa história, e para cada um de nós é a mais importante de todas. Amores, desilusões, alegrias. Enfim, cada vida é um livro.

Confesso que aquela frase me preocupou consideravelmente. Será que um dia eu também vou ser resumido?

Por isso eu escrevo! Para que as palavras, de alguma forma, sejam a minha sobrevida. Para que tirem um sorriso quando lidas, uma lágrima, ou mesmo indiferença. Por elas e por causa delas, eu estarei vivendo, até mesmo renascendo e retornando a vida!

Vale a pena sonhar?



Recentemente, li a crônica “Além dos sonhos” do escritor Fernando Carrara, na qual dizia o seguinte:

“Além dos sonhos”

“No post amores impossíveis eu disse que o ser humano foi feito pra sonhar. É isso que motiva sua vida. Porém, não coloque seus sonhos em lugares altos demais onde suas mãos não poderão alcançá-los”.

Este seu parágrafo fez-me recordar o conhecido discurso de Martin Luther King em agosto de 1963.

“EU TENHO UM SONHO”

“Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter”.

Há na história universal pessoas, que não só lutaram por seus grandes sonhos, como morreram por eles.

Voltando ao presente, vemos ai a eleição do primeiro presidente negro nos Estados Unidos: Barack Obama.
Filho de muçulmano e de sobrenome Hussein. Embora tenha sempre se destacado na vida escolar, sua adolescência foi conturbada.
Obama experimentou maconha e cocaína, conforme conta em sua biografia.

Com esse perfil, ninguém jamais acreditaria que um dia chegasse à presidência dos Estados Unidos. Com certeza muitos lhe disseram que estava sonhando alto demais.

Apesar disso, e contra quase todas as probabilidades, conseguiu realizar seu grande sonho.

Claro que são casos raros, que não acontecem todos os dias. Nem todos que têm seus grandes sonhos conseguem realizá-los.

Mas, por isso devemos abrir mão de sonhar além do que todos acreditam ser possível?

Há ainda muitos “Barack Obamas” por ai. E é bom que existam, pois alimentam as nossas esperanças de que vale sempre a pena, e que não importa o tamanho que eles tenham.

É sempre preciso acreditar e sonhar!

sábado, 1 de novembro de 2008

Pessoas e Diamantes

Pessoas e diamantes têm algo em comum: precisam ser lapidadas, às vezes até cortadas pra mostrar toda sua beleza.


Os diamantes sempre fascinaram as pessoas. Muitos perderam a própria vida em busca da gema preciosa.



Seu valor está na raridade e beleza. Contudo, para que mostre todo seu brilho, precisa ser lapidado, até que adquira a forma na qual nos acostumamos vê-los em jóias.

No processo de lapidação um diamante perde boa parte do seu peso. É cortado e talhado em facetas para que finalmente apresente todo esplendor de sua forma, e torne-se um brilhante.

De uma certa forma, isso acontece como todos nós.
Algumas vezes, no nosso dia a dia, somos obrigados a enfrentar situações que põe a prova os nossos limites. Muitas deixam marcas profundas; arrancam pedaços, e ficam guardadas na mente e em nossos corações.

Observe as cachoeiras. Onde estaria a sua canção, graça e vida, não fosse as pedras que traçam a tragetória e queda das suas águas, colocando beleza em seu caminho?

Se tivermos a consciência de que tudo isso faz parte de um processo de lapidação e amadurecimento de cada pessoa; estaremos mais bem preparados pra lidar com tais situações e nossos conflitos de todo dia.

Alguém poderia argumentar: _ “Quando estou no meu limite; brigo, bato pé, faço pirraça, atiro copos na parede, e ninguém vai me mudar!”.

Com certeza que não!

Nenhuma mudança verdadeira acontece de fora pra dentro.
Na verdade, ninguém precisa de fato mudar. Basta conhecer a si mesmo, entender suas reações, saber os seus próprios limites e respeitar os alheios.

A consciência de tudo isso, basta para que possamos ser um pouco “diamantes”; perceber a razão das "pedras", e ser a cada dia um ser humano ainda melhor.


Veja no vídeo um exemplo de como é possivel Reconsiderar e Mudar