segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sabedoria em uma Xícara de Café


Certa ocasião, um amigo de grande sabedoria me fez o seguinte relato:

“Um homem simples de nome Jeremias, que mal sabia escrever seu nome, caiu prisioneiro de uma tribo indígena. Seria fatalmente morto naquela noite, mas havia naquela tribo o costume de dar a vitima o direito de usar a palavra pela última vez.

Se o que ele dissesse fosse verdade, seria morto com uma flecha envenenada; se fosse mentira, morreria queimado no fogo. Em qualquer dos casos não se salvaria e o seu destino parecia traçado inevitavelmente.

Jeremias refletiu por alguns segundos e disse:

- “Eu morrerei queimado no fogo!”.

Os indígenas logo gritaram:

- “Ele mentiu, pois não pode saber como vai morrer. Vamos queimá-lo no fogo”.

Quando estavam prestes a atear o fogo, o conselheiro da tribo argumentou:

- “Se ele morrer na fogueira, então ele falou a verdade. Tendo falado a verdade, temos que matá-lo com a flecha envenenada”.

Todos deram razão ao conselheiro e colocaram Jeremias amarrado ao tronco para que fosse flechado.

No último momento, segundos antes que a flecha fosse lançada, o Page da tribo questionou:

- Ele não pode morrer com a flecha envenenada, pois o que ele disse não seria verdade. Sendo mentira, devemos matá-lo na fogueira”.

Diante de tanta confusão foi feita uma reunião do conselho da tribo para decidir toda a questão. Entraram noite adentro tentando encontrar um meio de matá-lo sem que fossem contrariados os costumes tribais. Por fim, decidiram soltá-lo, com a condição de que sumisse dali para sempre e jamais retornasse àquele lugar”.

Mesmo não sendo letrado, Jeremias foi sábio. Cultura, inteligência e sabedoria são coisas diferentes.

Cultura é o acúmulo de informações na memória; inteligência é a maior, ou menor facilidade que cada um tem em aprender.
Sabedoria é a capacidade de saber quando, como, onde, em que medida utilizar, ou não a cultura e o conhecimento.

Sabedoria se caracteriza pela prudência, moderação no modo de agir, reflexão. Mesmo um analfabeto pode ter grande sabedoria. Não é preciso nada para ser sábio, que não caiba em uma xícara de café.