terça-feira, 27 de março de 2012

Aquele cálice ainda vazio, transbordando de vinho.



Podia não ter me envolvido,

Ignorado a sua beleza,

Não ter notado as nuances do seu corpo,

Nos movimentos da sua dança.


Podia não ter ouvido as suas palavras de sedução,

Manter trancado este lado esquerdo do peito,

E recusar, quando ela carinhosamente me estendeu a sua mão.


Podia simplesmente ter seguido em frente sem olhar pra trás,

Não ter ousado colocar sentido,

Naquele seu vestido transparente.


Podia não ter me dado conta daquele seu jeito cativo;

Quase um murmúrio de gemido chamando por mim.


Ah, eu podia!

Mas quando ela derramou em seu corpo, aquele cálice ainda vazio,

Insinuando estar transbordando de vinho;

Confesso que me embriaguei de turvar a visão,


Bebi das gotas de todas as partes,

E estas minhas mãos deslizaram, e sopraram no seu corpo,

Como brisa de inspiração,

Que antecede a criação de toda obra de arte.

Um comentário:

DEVERAS POESIA disse...

Carlos Lucchesi,
DELÍCIA ESSE MERGULHO!
OBRIGADA POR NOS PERMITIR ESSE VERSEJAR...

BELO BANHO DE VINHO!
MELHOR AINDA BANHAR-SE DE SALIVA...

PARABÉNS POETA QUERIDO!


SEGUE CARINHO,
Vera Lúcia Bezerra